Humor e Imunidade
- Sentir Arquitetura
- 24 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 31 de mai. de 2020
Embora possa parecer que a saúde física e mental sejam totalmente separadas, estudos em psiconeuroimunologia fornecem cada vez mais evidências de que elas estão conectadas. Dessa forma, infecções e doenças inflamatórias influenciam nosso humor e comportamento da mesma maneira que problemas psicológicos e transtornos mentais parecem representar uma ameaça ao bom funcionamento do nosso sistema imunológico.
Em situações de estresse, o cérebro envia sinais de defesa ao sistema endócrino, que libera uma série de hormônios que sinalizam que há um perigo e que você precisa estar pronto para lutar ou fugir, deixando algumas funções importantes em segundo plano, incluindo o sistema imune. No entanto, como o estresse hoje, para a maioria das pessoas, é mais psicológico e crônico do que físico e agudo, a imunidade pode ser severamente deprimida aumentando a suscetibilidade à diversas doenças.
Um humor negativo está associado a níveis mais altos de biomarcadores inflamatórios, corroborando com pesquisas que mostram que a depressão clínica e a hostilidade estão associadas a uma inflamação maior.

A inflamação aguda faz parte da resposta imunológica do corpo à infecções, feridas e danos aos tecidos, mas a inflamação crônica, causada por estresse crônico, seja físico ou emocional, pode contribuir para inúmeras doenças e condições, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, doenças autoimunes e alguns tipos de câncer.
Por outro lado, bons sentimentos têm efeitos curativos no corpo e pesquisas que estudam desde a gripe à câncer continuam a encontrar evidências reveladoras de que a mentalidade de uma pessoa pode influenciar na imunidade e como ela se recupera de lesões e doenças.
O bom humor pode influenciar a saúde através da moderação das substâncias químicas do estresse e das células imunológicas. Quando você ri, há uma contração dos músculos, o que aumenta o fluxo sanguineo e a oxigenação. Isso estimula o coração e os pulmões e desencadeia a liberação de endorfinas que ajudam no relaxamento tanto físico quanto emocional, resultando em imunoaprimoramento.
Um possível mecanismo molecular responsável por esse efeito terapêutico poder ser um fenômeno conhecido como resposta de relaxamento. De acordo com um estudo realizado na Universidade de Harvard, a resposta ao relaxamento afeta significativamente várias vias por meio da sinalização mitocondrial que pode promover respostas de plasticidade adaptativa a doenças celulares e sistêmicas. Mais especificamente, o aumento da produção de energia na forma de ATP resulta em uma melhoria da reserva mitocondrial. Essa ''energia economizada'' é então usada para atender a demanda metabólica que surge em muitos fatores relacionados ao estresse e às doenças. Sabe-se que o mau funcionamento da produção de energia mitocondrial está associado com doenças crônicas, degenerativas e com o envelhecimento.
Cuidando da mente e do corpo
A yoga ajuda a reduzir os hormônios do estresse que comprometem o sistema imune, além de condicionar os pulmões e o trato respiratório, estimulando o sistema linfático a expulsar toxinas do corpo e levando sangue oxigenado aos órgãos.
Estudos comprovam que a prática de yoga por apenas 10 dias já mostram mudanças, proporcionando uma redução significativa nos níveis de cortisol e mediadores inflamatórios em pacientes que sofrem de doenças inflamatórias crônicas, enquanto diminui o risco de distúrbios cardiovasculares em obesos.
Vários estudos também destacam o benefício terapêutico da meditação, demonstrando que voluntários treinados por 10 dias em meditação e técnicas de respiração alcançaram uma liberação mais rápida da citocinas anti-inflamatórias e níveis mais baixos das inflamatórias.
A música como medicina é outro assunto promissor neste campo, seja da forma de escuta passiva ou pratica ativa exerce uma ampla gama de efeitos imunomoduladores.
Independente da idade, bom humor e relaxamento exercem um efeito positivo consistente no sistema imunológico, mostrando que rir pode ser sim o melhor remédio.
Fulvio D’Acquisto, Lorenza Rattazzi, Giuseppa Piras “Smile—It’s in your blood!” 2014 91: 287–292
Pressman, Sarah D. and Cohen, Sheldon, 2005, "Does positive affect influence health?" Psychological Bulletin Vol. 131, No. 6, pp 925, 1939-1455
Mary Payne Bennett and Cecile Lengacher, “Humor and Laughter May Influence Health IV. Humor and Immune Function” 2009;6(2)159–164

Dra Suzana Lessa
Médica pela Universidade Federal Fluminense, especialista em ginecologia-obstetrícia, pós graduada em nutrologia e em prática ortomolecular.
A dra. Suzana Lessa promove uma medicina que que vai muito além de remediar sintomas, mas que busca previnir e reverter doenças crônicas. Uma medicina que enxerga o ser humano de forma integral, considerando corpo e mente e levando qualidade de vida através de pilares básicos como alimentação natural e nutritiva, exercícios físicos, qualidade de sono, equilíbrio emocional e espiritual.
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